O novo perfil do profissional de comunicação ou a inquietação do polvo
24 janeiro 2019Já vai longe o tempo em que para ser um bom profissional de comunicação o candidato precisava ter apenas um bom texto. Isso é coisa do passado. O mercado de trabalho hoje exige muito mais desses profissionais. A imagem de um polvo ilustra bem o que se espera do profissional de comunicação na contemporaneidade. Uma pessoa multitarefa, multitalento. Dono de multi habilidades, capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo, ainda é esperado que esse profissional tenha uma capacidade infinita de aprender coisas novas.
A convergência dos meios, da internet, das redes sociais, a queda das barreiras entre o físico e o virtual, entre o on e o off-line tem provocado a transformação do perfil ideal de um profissional da comunicação. E nesse cenário, a nossa profissão ganhou outros contornos, dimensões e tudo parece ter ficado ainda mais desafiador. Ter um bom texto já não basta. Isso virou commoditie. Na era da informação muitiplataforma, ninguém mais quer saber só de textão. É preciso ter algo mais. Entre ler um texto ou clicar para ver o vídeo e ouvir o áudio, a audiência prefere a segunda opção.
Mas o desafio maior não é esse. Mas sim conhecer o que ainda não se conhece e saber o que ainda não se sabe. Isso dito assim parece meio assustador, mas é o jeito como as coisas estão. Todos os dias há umas duas centenas de tarefas que temos que cumprir e ainda umas duas centenas de coisas a aprender: o vídeo novo, o filme que estreou, o livro que foi lançado, a música que estourou, o meme do momento, o app que está bombando, a startup da hora, a polêmica do instante.
Todos os dias surge uma demanda nova. Um desafio novo. Algo que não sabemos ou não conhecemos está bombando neste momento. E não há nada que possamos fazer mudar esse quadro. Algumas pessoas podem dizer que acompanhar tudo é impossível. Que não existe nenhum profissional capaz de dar conta de tanta coisa. E que essa exigência tem gerado angústia, tem sido motivo de stress e até adoecimento das pessoas. Talvez seja. Mas creio que mais impossível é almejar ser um profissional de comunicação e querer ter uma carreira de sucesso nesse mercado tão competitivo e movediço sem ter dentro de si essa inquietação que eu chamo de inquietação do polvo.