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Os médicos do Sírio Libanês e a reputação da sua empresa

08 fevereiro 2017

*Por Claudia Reis

Se você acompanhou o noticiário ou as mídias sociais nos últimos dias, certamente leu sobre a atitude inescrupulosa de médicos ligados ao hospital Sírio Libanês e à Unimed, que compartilharam via Whatsapp informações sobre o estado de saúde da ex-primeira dama Marisa Letícia, além de comentários agressivos em relação à paciente. As postagens, antes restritas a um pequeno número de “amigos” dos profissionais, logo viralizaram e colocaram o hospital no meio de um dos maiores escândalos de reputação de sua história.

Os dirigentes do Sírio e da Unimed foram rápidos. Os médicos foram sumariamente demitidos e o diretor do hospital, Dr. Roberto Kalil Filho, publicou um artigo em um dos maiores jornais do país classificando a atitude como inadmissível, por violar o sigilo e a ética médica.

Se você é empresário ou dirigente de uma empresa e acha que não tem nada a ver com isso, um conselho: neste momento, funcionários ou colaboradores de sua empresa podem estar em uma rede social compartilhando informações de clientes, fazendo comentários sobre colegas de trabalho ou mesmo revelando dados sigilosos sobre produtos e serviços da companhia. No fim das contas, caso essas informações viralizem, o que estará em jogo é a sua reputação.

Desde que a primeira grande rede social, o Orkut, foi criada, multiplicaram-se os casos de companhias prejudicadas pela divulgação de informações não autorizadas. O Twiter e o Facebook, só para citar algumas redes, foram o palco de outras dezenas. Ocorre que as redes sociais são públicas, mas dão a sensação aos usuários de que eles estão tomando um chope entre amigos e que tudo será mantido entre as quatro paredes do bar. Mas não é assim que acontece.

O WhatsApp, uma as redes com maior tráfego de informações do momento, aumenta esta perigosa sensação de privacidade. O presidente do Facebook no Brasil já foi detido pela justiça por não aceitar violar as regras de privacidade e criptografia das mensagens. O usuário tem a sensação e que tudo o que é dito fica restrito ao grupo. Mas qualquer participante pode compartilhar arquivos e imagens, espalhando rapidamente a informação.

Não é à toa que o uso responsável das redes sociais é hoje uma das maiores preocupações das agências e equipes de comunicação interna das corporações. Em primeiro lugar, é necessária a criação de campanha de uso responsável, pois comentários e compartilhamentos podem acabar machucando a reputação da empresa. A maior parte dos que fazem isso, o fazem sem ter noção da extensão dos danos que podem causar.

Outra providência simples, mas importante, é deixar claro no regulamento e estatuto da companhia que as regras de sigilo se estendem também às redes sociais. Todas elas. Certa vez, fui fazer um social media training em uma instituição financeira. A gestora de RH, por considerar as redes sociais um ambiente privado, me perguntou se esta providência realmente é necessária e se não seria óbvio que o funcionário não poderia violar dados também em mídias sociais. Minha resposta: vivemos em um mundo em que o que parece óbvio na verdade não é.

Claudia Reis

Empreendedora, Claudia é a fundadora da Press à Porter. Formada em comunicação e pós-graduada em finanças, é também mãe, flamenguista, sommeliére nas horas vagas e apaixonada por gente.

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