Assessoria de “impresso” ou de imprensa?
23 novembro 2016*Por Claudia Reis
O mundo é multimídia, mas a linguagem utilizada no universo das assessorias de imprensa, muitas vezes, ainda é a escrita. Para começar, o termo assessoria de imprensa não espelha a realidade atual das agências de comunicação corporativa, pois se alguns anos atrás a imprensa era o único canal de difusão de informações, com o surgimento da web e das mídias sociais o trabalho agregou outros canais de influência e seus influenciadores, como bloggers, vloggers e youtubers.
Eu tive o grande privilégio de acompanhar a informatização das redações, durante os anos 90, na época em que atuava como jornalista. Também pude assistir ao surgimento e à popularização da internet, nos anos 2000. E minha impressão é que o grande salto que muitas redações deram nos últimos 30 anos em formatos de oferta de conteúdo não está sendo acompanhado na mesma velocidade pelo mundo da comunicação corporativa.
Sem ser saudosista, queria contar um pouquinho da história da evolução tecnológica nas redações, para que possamos fazer um paralelo mais exato com a evolução das agências. E peço licença para fazer um texto mais longo do que o esperado para um blog.
Quando comecei a atuar em mídia impressa, em 1988, como “foca” na sucursal do Rio de Janeiro da hoje extinta Revista Afinal, ia para a rua apurar minha reportagem e depois me sentava em frente a uma máquina de escrever Remington, redigindo em três laudas entremeadas por duas folhas de papel carbono. Era necessário estruturar todo o texto na mente antes de começar a teclar, pois cada erro significava laudas jogadas no lixo. E ai de quem não tivesse feito curso de datilografia! Finalizado o trabalho, entregava uma lauda ao chefe da sucursal, guardava a outra em um arquivo e enviava a terceira para o Sr. Cosme, o teletipista que era responsável por digitar tudo novamente em uma fita e enviar as informações, via Telex, para a matriz da revista, em São Paulo. Ufa!
Anos depois, já como editora de Economia do jornal O Dia, também no Rio, pude assistir ao funeral da máquina de escrever, que foi substituída por PCs equipados com o sistema operacional DOS. Mas a diagramação das páginas ainda era feita em papel quadriculado, com régua e calculadora. Cerca de dois anos mais tarde, o Windows chegou para revolucionar a paginação, feita agora eletronicamente. Isso nos trouxe facilidades para empacotar os conteúdos de novas maneiras. Surgiram então, com força total, as infografias.
Naquele tempo, os assessores de imprensa eram chamados de “divulgadores”. Levavam pessoalmente às redações um texto impresso e conversavam com repórteres e editores para “vender” a pauta. Imaginem só a rotina! A introdução do e-mail garantiu mais capilaridade e produtividade ao trabalho, mas é fácil constatar que o press release que era feito na época mudou pouco em relação ao que é produzido hoje.
A chegada da web criou novas possibilidades para as redações. Muitos veículos, antes impressos, passaram a abrir seus portais. Logo surgiram maneiras interativas de apresentar conteúdos aos leitores, como chats, calculadoras, infografias animadas, podcasts e, finalmente, vídeos, algo que antes era seara exclusiva das emissoras de TV. O surgimento dos grandes portais fez com que os jornalistas tivessem que desenvolver habilidades multimídia. Tanto é que alguns dos maiores nomes da mídia impressa dos anos 90 brilham hoje em meios eletrônicos, seja em TV, web, rádio ou em todos eles.
Entre muitos outros serviços, cabe a uma agência de comunicação corporativa produzir conteúdos e apresentá-los aos influenciadores. O press release é – e sempre será – peça fundamental no trabalho de imagem e reputação. Mas não pode ser apresentado mais apenas na linguagem escrita.
Nós, aqui da Press à Porter, assumimos o papel de agência multimídia. Investimos em treinamento e equipamentos. Estamos cientes de que precisamos criar e produzir conteúdos também em outros formatos, entregando-os em áudio, vídeo, fotos e infografias aos influenciadores, ajudando-os a fazer o trabalho. E acreditamos que isso é muito mais que uma tendência.